quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

RESENHA - JORNALISMO CULTURAL

 Por:  Zé Renato Rodrigues
        O livro Jornalismo Cultural, do autor Daniel Piza, contém 4 capítulos, com textos muito bem elaborados e concisos, para explicar o que é jornalismo cultural. Piza, na primeira parte fala como iniciou o jornalismo cultural. O primeiro passo foi em 1711, quando dois ensaístas ingleses, Richard Steele e Joseph Addilson, fundadores da revista The Spectator tiveram a iniciativa de relatar sobre as dificuldades que o camponês encontra para se adaptar quando chega em Londres. A grande preocupação naquele momento, com o renascimento, era disseminar os valores da arte, filosofia e as regras disciplinares nas escolas, faculdades e outras instituições educadoras. Então, os interessados se reuniam nas casas de café e de chá, para discutir assuntos culturais. E Piza reforça em seu livro que Drº Johnson foi o precursor crítico cultural, e dos críticos europeus, americanos e brasileiros ele é considerado o pai. A primeira parte do livro, Piza encerra fazendo uma colocação especial em relação ao jornalismo cultural no Brasil, ele cita que os jornais e revistas, além do informativo, o profissional de comunicação tem um olhar reflexivo sobre o mundo literário também. 
           No segundo capítulo, o autor enfatiza no livro, o jornalismo cultural brasileiro com a chegada da arte moderna (séc. XX) e a crise das transformações de identidade, que por sua vez, encaixa nas teorias apresentadas por Walter Benjamim, Theodor, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Leo Lowenthal, Fraz Neumann, Friedrich Pollok, Erich Fromn e outros pensadores da Escola de Frankfurt, como “indústria cultural”. Piza faz essas citações para associar a cultura de massa, os meios mercadológicos midiáticos e o jornalismo mediando. São observações didáticas que o profissional de comunicação tem que ter. Isto é, ficar muito atento ao mercado para não usar de preconceito e parcialidade no campo jornalístico.  O autor, para analisar a cultura usa o termo “preconceito às avessa”. A colocação que ele faz é se referindo a forma que as pessoas atrelam a cultura: “ainda pertencente à elite, interfase intelectual, coisa inatingível e complicada”. 
           Piza critica os meios de comunicação, assim como os cadernos diários que de uma forma crescente valorizam as celebridades, ao apresentar material que dominam as tabelas de consumo cultural, banalizando assim a cultura. O autor faz crítica também aos cadernos semanais, os quais são mais lidos nos finais de semana, não contém clareza nas informações, os textos na maioria das vezes são burocráticos. Ele relata sobre os cadernos culturais, que seu formato de edições não está ligado à simplicidade. Cita que o conteúdo poderia ser mais enxuto. Piza explica que os temas eruditos têm que ser tratado fora de contextos elitistas, e, acima de tudo manter a questão crítica voltada para o equilíbrio.  Piza, a partir do terceiro capítulo descreve como se elaborar uma textualização crítica qualificada, resenha de qualidade referencial ao Jornalismo Cultural. O autor menciona o fator concisão textual, orientando que se deve escrever bem e analisar a obra de modo sintético, a partir do momento que compreende a obra. Segundo Piza, “hard news”, que quer dizer noticiário quente ou instantâneo, mas que na prática, essas notícias quentes, agendamentos de eventos sofre a inversão sob o olhar dos veículos de comunicação; o que se chega à conclusão é a questão da atenção acabar sendo prioritária aos fatos que está acontecendo ou já aconteceu. Portanto, conclui este capítulo abordando conceitos relacionados à revistas, resenhas, críticas, perfis, entrevistas e reportagens, cada segmento com suas devidas críticas. 
         Daniel Piza, no último capítulo descreve suas experiências como jornalista cultural. “A cultura está em tudo, é de sua essência misturar assuntos, e atravessar linguagens”. Piza, expressa nessa citação um resumo do que é a cultura. Cultura não é somente o erudito, o que se engloba no culto, mas também o popular e o pop. O autor cita que há uma variedade de cultura muito grande no Brasil, que possui um vasto material cultural, o que daria para se produzir muitas matérias por dia. 
         De maneira realista, Piza retrata em seu livro, através de textos ricos em querência, uma gama de dados que evidencia o que é jornalismo cultural. O autor busca o princípio do interesse pelos assuntos culturais, e traz uma reflexão do que é realmente cultura, o que a maioria das pessoas entende como cultura, e o que o jornalista deve se apropriar para mediar essa cultura à sociedade. A indústria cultural fica em primeiro plano nos dias atuais, segundo Piza. E, que a industrialização da cultura tem um laço estreito em relação ao jornalismo. Uma vez que o estímulo mercadológico é voltado ao consumidor. O autor deixa aos comunicadores, nessa sua obra de grande valia, mensagens instrutivas para fomentar a essência cultural. 
         Piza sempre se refere à banalização sobre temas culturais, o que diz respeito à televisão brasileira, músicas pop e a cultura massiva em geral. Para Daniel Piza, autor do livro Jornalismo Cultural, que morreu no dia 30 de dezembro de 2011, deixando esse legado de conhecimento inestimável, que, jornalismo cultural não é somente levar ao leitor um informativo qualificado; mas, também fazer crítica construtiva ao mundo da cultura. Para o autor, o jornalista tem que saber produzir um texto que tanto o intelectual quanto o leigo possa entender.